PERIODIZAÇÃO NUTRICIONAL
- Rodolfo Scalo
- 24 de abr.
- 2 min de leitura
1. Conceito de periodização nutricional
Periodização nutricional é a estratégia de alterar deliberadamente a ingestão de energia, macronutrientes e/ou timing alimentar em diferentes fases do treinamento, de acordo com os objetivos fisiológicos de cada fase (adaptação metabólica, performance, recuperação ou composição corporal). A lógica é paralela à periodização do treino: variar estímulos nutricionais para maximizar adaptações específicas e evitar platôs.
Base fisiológica: Ajustar disponibilidade de carboidratos ou proteínas pode ativar sinalizações distintas (ex.: AMPK × mTOR) que modulam biogênese mitocondrial, síntese proteica e remodelagem corporal.Ver exemplos em Impey et al., 2018 & Morton et al., 2019
2. Principais modelos e quando aplicar
Fase do treino | Meta principal | Estratégia nutricional típica | Evidência-chave |
Base aeróbia / “train low” | Aumentar eficiência oxidativa | Treinos prolongados com baixo glicogênio (e.g., jejum noturno ou low‑CHO) | Bartlett et al., 2020; Gejl & Nybo, 2019 |
Bloque de força-hipertrofia | Ganho / manutenção de massa magra | Proteína elevada (1.6–2.2 g kg⁻¹ dia⁻¹) + CHO moderado | Morton et al., 2018; Phillips & Van Loon, 2019 |
Pico competitivo | Performance aguda | “Train high, compete high”: alta disponibilidade de CHO nos dias‑chave | Burke et al., 2017 |
Recuperação / deload | Otimizar reparo e função imune | CHO adequado + proteína distribuída (0.4 g kg⁻¹ refeição⁻¹) | Pasiakos et al., 2015 |
(Todas as referências são artigos PubMed, listadas abaixo)
3. Como aplicar na prática
Mapeie o ciclo de treino (macro → meso → micro) com o treinador.
Defina “dias‑chave”: sessões de intensidade/volume alto versus dias leves.
Planeje carboidratos
Dias‑alvo: 6‑10 g kg⁻¹ dia⁻¹ (ex.: longão de sábado).
Dias leves: 3‑5 g kg⁻¹.
Periodize proteína
Blocos hipertrofia: topo do intervalo.
Fases manutenção/pico: intervalo médio (1.4‑1.6 g kg⁻¹).
Gorduras & micronutrientes: mantenha ≥20 % kcal de gorduras; priorize ômega‑3, ferro, vitamina D.
Suplementos (quando evidência existe) igualmente periodizados: creatina na fase de força; beta‑alanina em blocos anaeróbios; cafeína apenas em sessões‑alvo para evitar tolerância.
Monitoramento: bioimpedância, força relativa, percepção de esforço e, se possível, glicogênio via ecografia.
Referências PubMed utilizadas
Impey SG, et al. “Fuel for the work required...” Sports Med. 2018. PMID: 29320903
Morton RW, et al. “Protein supplementation...” Br J Sports Med. 2018. PMID: 28698222
Bartlett JD, et al. “High‑intensity interval training with low glycogen...” Exp Physiol. 2020. PMID: 32128838
Gejl KD, Nybo L. “Performance effects...” J Int Soc Sports Nutr. 2019. PMID: 31554292
Phillips SM, Van Loon LJC. “Dietary protein for athletes...” Appl Physiol Nutr Metab. 2019. PMID: 31120415
Burke LM, et al. “Carbohydrates for training and competition.” J Sports Sci. 2017. PMID: 29182414
Pasiakos SM, et al. “Protein and amino acid requirements...” Nutrients. 2015. PMID: 26287248
Comments